Volume 1 - Capítulo 49

Embora não seja aconselhável, todo garoto precisa, pelo menos uma vez na vida, se meter em uma briga, principalmente quando se trata de defender a honra de uma donzela. Wen Qinxi finalmente teve sua chance desse tipo de luta, embora, na verdade, tenha sido mais uma perseguição do que uma luta. A única vez que ele defendeu uma garota, degola de sangue frio seus opressores, foi em um jogo online, resgatando a pequena mulher wudang[1], mas isso não podia ser contado como uma luta.

Sendo perseguido por um bandido maluco, ele rapidamente descobriu uma habilidade secreta que a maioria dos nerds conhece bem: a arte de escapar dos valentões. Bem, neste caso, seria escapar de bandidos em vez de valentões, mas para ele, era tudo a mesma coisa. Como uma lebre esperta, ele conseguiu sobreviver por dez minutos seguidos, com o bandido incapaz de sequer alcançar uma mecha de seus cabelos. Sorte a dele, o bandido não era muito esperto, senão ele poderia ter usado a garota como escudo para forçá-lo a se render.

Do outro lado, Qie Ranzhe alcançou os quatro bandidos que estavam imobilizando impiedosamente uma garota indefesa. Dois dos bandidos se aproximaram dele, um brandindo um machado e o outro uma adaga. Eles não pareciam surpresos ao vê-lo, como se esperassem sua chegada. Os homens sorriam maliciosamente, exibindo seus dentes manchados de fumo, enquanto avançavam em postura intimidadora, reduzindo a distância entre eles e Qie Ranzhe.

"Tsc, tsc, tsc... a floresta está cheia de belezas hoje, que sorte, não é? Olha só esse jovem mestre bonitão se oferecendo numa bandeja de prata", disse o bandido lacaio, atrás do líder. Os outros bandidos caçoavam, enchendo a floresta silenciosa com falas agressivas.

"Que tal você ir embora e fingir que não viu nada? Senão, eu vou acabar com sua cara e te deixar feio. Vamos ver se alguma garota vai olhar para você de novo", disse o líder, ameaçando Qie Ranzhe com a adaga pairando sobre o rosto do garoto.

Qie Ranzhe quase vomitou com o cheiro pútrido vindo da boca repugnante do bandido. A carne podre misturada com o cheiro de tabaco rançoso o atingiu no nariz, fazendo-o fazer uma careta. Era insuportável, e ele decidiu acabar com aquilo o mais rápido possível. Vendo que o jovem não respondeu e não tinha intenção de ir embora, o líder do bando balançou o cabo de sua adaga, mirando na cabeça de Qie Ranzhe. Mas antes que ele pudesse acertar, um chute poderoso atingiu seu peito, o lançando a três metros de distância.

Ao cair no chão com um baque alto, o líder se esforçou para sentar direito, agarrando o peito enquanto cuspia sangue. Ele olhou furiosamente para Qie Ranzhe com olhos negros assassinos antes de gritar para seus subordinados atônitos: "O que vocês estão esperando? Matem esse moleque!", berrou ele antes de gemer baixo de dor. Sua expressão permaneceu fixa, escondendo a dor lancinante que parecia que todas as suas entranhas haviam sido arrancadas.

O líder dos bandidos inicialmente havia contido sua força total, subestimando seriamente seu oponente. Os três bandidos saíram de seu transe, obedecendo à ordem de seu líder enquanto se lançavam simultaneamente contra Qie Ranzhe, armados e prontos para se vingar e ensinar algumas boas maneiras a esse garotinho bonitinho. A garota trêmula se arrastou de quatro, se escondendo atrás de alguns arbustos. Ela enterrou a cabeça entre os joelhos dobrados, enquanto fechava os ouvidos com as mãos, murmurando uma oração silenciosa. Qie Ranzhe franziu a testa, observando os três homens carregando contra ele como touros furiosos em uma tourada.

Irritado com essa inconveniência, ele ficou de pé, calmo e sereno como um matador experiente, pronto para domar os touros sem cérebro. Qie Ranzhe nem se deu ao trabalho de desembainhar sua espada, escolhendo lutar com as mãos nuas. O primeiro bandido se lançou sobre ele, balançando seu machado com um olhar mortal direcionado para o pescoço de Qie Ranzhe; ele estava tão tomado por suas emoções que nem percebeu as ações dos outros.

Qie Ranzhe varreu a perna do homem assim que o machado se aproximou do alvo, fazendo o bandido cair de quatro com um baque alto. Ele prendeu o bandido com a perna esquerda, esmagando fortemente o peito do homem para impedi-lo de se mover enquanto cuidava do resto da gangue. O homem sob o pé de Qie Ranzhe sentiu seu peito apertar cinco vezes mais forte do que o de uma mulher usando um espartilho. O homem sentiu que ia morrer, pois sua respiração ficou mais ofegante, e então ele lutou violentamente como um rato em uma ratoeira, arranhando, socando, até tentando morder a perna de Qie Ranzhe. Qie Ranzhe o olhou com olhos escuros e assustadores que pareciam dizer "comporte-se", o que causou arrepios na espinha do bandido, que parou de lutar.

Os outros dois bandidos, vendo seu companheiro nessa situação, foram atrás dele com ainda mais agressividade do que antes. A julgar pelo peso e altura do garoto, os dois homens sentiram que estavam em vantagem, especialmente se o atacassem ao mesmo tempo. Recuperando sua confiança, eles atacaram descaradamente Qie Ranzhe, cometendo o mesmo erro que seu líder cometeu antes; eles foram completamente pegos de surpresa.

Um homem levou um soco poderoso de Qie Ranzhe, derrubando instantaneamente seus dentes da frente e deslocando sua mandíbula. Vendo uma abertura, o outro bandido agarrou o ombro de Qie Ranzhe, o puxando para um mata-leão. O bandido apertou sua pegada, restringindo o fluxo de ar para os pulmões de Qie Ranzhe, mas a vítima não se intimidou. Qie Ranzhe atingiu o estômago do bandido com o cotovelo, exercendo tanta força que o bandido, subconscientemente, afrouxou sua pegada no pescoço do garoto.

O garoto o atingiu impiedosamente novamente, e desta vez o bandido soltou a pegada, cambaleando para trás com o rosto vermelho de raiva, veias saltando na testa, amaldiçoando: "Droga!", fazendo uma careta de dor. Qie Ranzhe não havia terminado com ele, dando um chute rápido no rosto do bandido, o nocauteando instantaneamente. Os dentes e o sangue do homem voaram direto para o rosto do outro bandido. Vendo o sangue de seu companheiro respingado em seu rosto, o bandido não pôde deixar de se sentir petrificado, com o rosto branco como uma folha.

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[1] - Wudang: Estilo de artes marciais chinesas.