Volume 1 - Capítulo 4
O Amante Proibido do Assassino
Infelizmente, Zi Xingxi era exatamente como o nome dizia. Era tão bela e inacessível quanto a galáxia, a “lua branca” [1] na vida da maioria dos homens e mulheres.
Essa beleza, que lhe causava tantos problemas, o levara até ali para conseguir uma arma para sua proteção.
O jovem com um corte de cabelo raspado, que mal começara a crescer, sentou-se no sofá e colocou um copo de bebida alcoólica na mesa de centro, ao lado de Zi Han.
Com leve irritação nos olhos, ele esfregou a cabeça, lembrando-se de como havia conseguido aquele corte raspado. Zi Xingxi dissera que gostava de homens carecas e, como um idiota, ele havia cortado seus belos cabelos.
Só para ser ridicularizado por toda a vizinhança quando Zi Xingxi passou por ele com um olhar de desprezo. Em toda a sua vida, nunca havia sido tão humilhado. Depois daquele incidente infeliz, ele decidiu mudar de tática, aproximando-se dela pelo filho.
“Por que não simplesmente convencê-la de que você precisa de um novo pai?”, disse o homem antes de tomar um gole da bebida. “Provavelmente é a opção mais barata que você tem.”
Zi Han quase não conseguiu controlar sua expressão ao ouvir essas palavras. Aquele não era apenas um sapo querendo comer carne de cisne? Sua mãe era uma beleza etérea com uma personalidade forte que, às vezes, o deixava apavorado.
Ninguém naquele planeta, ou mesmo em toda a federação, era digno, mas aquele homem, ainda "novinho em folha", achava que tinha alguma chance com sua mãe. Cada vez que alguém demonstrava interesse pela mãe dele, ele reagia fortemente.
Ele sentia vontade de dar uma surra neles, expulsando todos aqueles pensamentos impuros de suas mentes. Ou melhor ainda, arrancar-lhes os olhos para que nunca mais olhassem para sua mãe com aquele olhar lascivo. Irritado, ele pegou o copo de bebida da mesa de centro e engoliu tudo de uma vez.
Se ele tivesse que lidar com aquela pessoa irritante, tanto fazia estar um pouco alterado. O homem que eles chamavam de Dage descruzou as pernas enquanto um homem com camisa de praia trazia uma maleta preta e a colocava no espaço vazio da mesa de centro.
Arreganhando as mangas compridas, ele pressionou sua impressão digital na maleta e, com um clique, ela se abriu. Ele franziu os lábios, virando a maleta aberta para Zi Han. Lá dentro havia uma pistola inteligente, uma das armas mais polêmicas da federação.
Isso porque ela tinha a capacidade de mirar e disparar automaticamente em vários inimigos ao mesmo tempo. Por esse motivo, ela só estava disponível para oficiais militares de alta patente, mas aquele pequeno “chefão” estava de posse de uma arma tão preciosa.
Zi Han a reconheceu num instante e, pela primeira vez desde que entrara naquela sala, seus olhos, antes indiferentes e distantes, se iluminaram. Ele estava louco para tocá-la, mas se fizesse isso por vontade própria, estaria se entregando. Uma vez que aquele homem percebesse sua fraqueza, com certeza a exploraria.
“Han, você já mexeu em uma arma antes?”, perguntou o homem enquanto desarmava a pistola. “Isso não é brinquedo… então deixe o Dage te ensinar.”
Depois de dizer tudo isso, ele se levantou e caminhou lentamente até a porta de vidro que dava para um pequeno jardim. Com uma leve virada de cabeça, ele fez sinal para Zi Han se aproximar.
O menino sentiu o coração bater forte no peito ao se levantar. Havia um leve tremor em suas mãos pela emoção, mas ele apertou e desapertou o punho para se controlar. Quando aquela pistola inteligente foi colocada em sua mão, ele sentiu como se fosse uma extensão de si mesmo.
Sem que lhe dissessem, ele lentamente levantou a mão e suas pupilas se contraíram enquanto ele apertava o gatilho. A sensação que ele teve foi completamente diferente das simulações que sua mãe o obrigava a fazer desde criança. Era tão emocionante que ele estava louco para apertar o gatilho novamente, e o fez.
Bang… bang bang bang!
Depois de quatro tiros, ele fez uma pausa, olhando para os buracos óbvios no alvo. O homem que eles chamavam de Dage ficou parado por um momento, observando aquele menino que parecia ser uma pessoa completamente diferente no momento em que segurou a arma.
De repente, ele sentiu medo, como se ao entregar aquela pistola inteligente para aquele garoto algo ruim pudesse acontecer. Mas como não havia volta, ele disse: “Zi Han… eu vou te dar, mas você tem que fazer algo para mim primeiro.”
Quando sua voz cessou, Zi Han voltou a si e abaixou a arma antes de se virar para ele. O homem estava mostrando os frascos azuis em embalagens separadas. “Leve-os para esses endereços e eu te darei… Ah, e não seja pego.”
Zi Han pegou o papel com os endereços e acenou com a cabeça. Ele tinha uma boa ideia do que havia naqueles frascos. Era uma droga proibida na federação devido aos seus efeitos em pessoas com poderes mentais.
Opioides e sedativos comuns não afetavam ninguém com poderes mentais acima do nível D quando se tratava de aliviar a dor ou insônia. Como qualquer pessoa com poder mental acima do nível D normalmente estava no exército, o governo da federação desenvolveu drogas mais adequadas para indivíduos com altos poderes mentais.
Mas como essas drogas eram altamente controladas pelos militares, isso significava que os viciados que procuravam drogas para aliviar sua dor psicológica ou buscavam uma sensação de euforia não alcançada por substâncias comuns comprariam tais drogas ilegalmente no mercado negro.
Era isso que o homem que eles chamavam de Dage fazia. Ele ganhava dinheiro fornecendo essas drogas para boates, bordéis e, às vezes, indivíduos de alta patente com uma droga poderosa conhecida como TX1023, nome de rua "pixie".
Nunca em sua vida Zi Han pensou que entraria em contato com "pixie", razão pela qual ele hesitou em aceitar a tarefa, mas lembrando-se daqueles arrombamentos em que quase perdeu a mãe, ele pegou a bolsa preta de ombro onde estavam guardadas as drogas e disse: “Vou entregar como prometido.”
Depois disso, ele puxou o capuz e saiu da casa. “Dage, esse garoto… você tem certeza de que ele nunca tinha pegado em uma arma?”, disse a irmã Shen enquanto olhava para o alvo que havia sido atingido quatro vezes no mesmo lugar.
O homem olhou para baixo para a arma em sua mão com uma expressão pensativa. Parecia que depois de dar a pistola inteligente para Zi Han ele nunca mais deveria incomodar aquela dupla mãe e filho, senão poderia acabar sendo usado contra ele mesmo.
[1] Lua branca: Uma pessoa idealizada, admirada, mas inacessível. Algo como um amor platônico elevado à máxima potência.