Volume 1 - Capítulo 3

Capítulo 3: Provocação

...

A família terminou o café da manhã aconchegante e cada um foi para suas atividades.

Le Wan era estudante do Ensino Médio. Era segunda-feira e ela deveria ir para a aula, mas ainda estava um pouco confusa com muitas coisas do mundo, precisava de tempo para organizar seus pensamentos. Portanto, fingiu timidez, dizendo que estava muito irritada na noite anterior e não havia dormido bem. Seus olhos estavam inchados de tanto chorar e ela não queria sair e se envergonhar.

Mamãe Le viu que seu rosto estava mesmo um pouco pálido. Depois de confirmar que não havia nada mais errado com ela, deixou-a voltar para o quarto para recuperar o sono.

Le Wan enterrou o rosto no cobertor macio e começou a relembrar a trama do livro em sua mente.

Naquela noite, pela primeira vez, a verdadeira filha reencarnada, Le Yan, voltaria para casa. No livro, por causa do mau humor da protagonista original, a família não conseguiu voltar correndo para a casa antiga, perdendo assim o primeiro confronto entre ela e a filha falsa, Le An.

Le Yan havia vencido o primeiro confronto porque havia renascido e conhecia a trama, fazendo Le An guardar rancor dela. Então, no dia seguinte, na escola, Le An usou uma pequena artimanha para fazer Le Yan perder o ônibus escolar, quase a fazendo perder a aula. Ela também encontrou o noivo original, Fu Sui, no caminho, e Fu Sui se apaixonou por ela à primeira vista.

Le Wan ficou muito curiosa. Em sua vida anterior, sua aparência não era tão espetacular, mas ela era uma mulher brilhante e bonita, não importava como se a olhasse. Então, que tipo de rosto bonito essa verdadeira filha tinha para fazer seu noivo canalha se apaixonar à primeira vista?

Com essa curiosidade em mente, Le Wan seguiu seus pais para a sala.

Assim que entrou, viu uma garota magra sentada entre dois idosos.

“Pai, mãe, chegamos.”

Papai Le foi o primeiro a cumprimentá-los, e as pessoas na sala olharam para eles.

“Eh, é assim?”

Le Wan ficou um pouco decepcionada ao ver a figura bronzeada e magra da jovem. Imediatamente, retraiu seu olhar curioso e cumprimentou seus pais docemente:

“Vovô, vovó, chegamos.”

Quando os avós a viram, imediatamente sorriram.

A avó acenou para ela carinhosamente.

“Querida, você está aqui. Não a vejo há alguns dias. Cresceu?”

O avô olhou para ela cuidadosamente e acenou com a cabeça seriamente.

“Parece que você cresceu dois ou três centímetros.”

Le Wan segurou a mão de Mamãe Le e foi até lá. Primeiro, cumprimentou o casal de meia-idade em frente a ela:

“Olá, tio e tia.”

Então, sentou-se ao lado dos dois velhos.

“Vovô, você tem olhos muito aguçados. Pode dizer imediatamente que eu só cresci dois centímetros.”

Este corpo tinha apenas 18 anos, então, naturalmente, ainda podia crescer. Quanto aos centímetros que cresceu, quem sabe?

As palavras de bajulação de Le Wan saíram de sua boca e, em pouco tempo, os dois velhos ficaram felizes. Eles continuaram a chamá-la de “querida”, e não importava quantas vezes a chamassem assim, nunca era o suficiente.

Isso deixou Le Yan, sentada entre os dois anciãos, desconfortável. Há pouco, seus avós estavam prestando atenção nela e estavam preocupados com sua experiência. No entanto, assim que essa prima entrou, os avós só conseguiam vê-la e mais ninguém.

Le Yan olhou para a brilhante e generosa Le Wan, que era requintada em todos os sentidos. Era assim que ela deveria ter sido, vivendo como uma princesinha, cercada de amor. Ela deveria ter vivido assim.

Le Yan olhou para suas mãos cheias de calos e lembrou-se de seu fim trágico quando foi aceita como filha verdadeira em sua vida anterior.

Por quê?

Ambas eram filhas da família Le, então por que Le Wan podia viver tão livre e confortavelmente enquanto ela tinha que sofrer tanto?

“Essa é a irmã mais velha?” Le Yan levantou a cabeça e olhou para Le Wan, fingindo ser tímida.

“Irmã, você é tão bonita. Você se parece com as jovens ricas que eu via na televisão quando era criança. Quando eu ficava na frente da TV, eu fantasiava que um dia eu ficaria tão bonita quanto elas. Seria ótimo se eu tivesse coisas boas infinitas para comer e roupas bonitas para usar.”

A atmosfera na sala ficou silenciosa em um instante. Le Wan levantou os olhos e olhou para ela, percebendo um brilho de ciúme em seus olhos.

Meu Deus, o primeiro ataque da filha verdadeira ao voltar para casa foi contra ela?

Le Wan olhou para a filha falsa, Le An, que havia ficado em silêncio o tempo todo. Ela fez uma pausa e riu:

“Então, irmã, você conseguiu o que queria. Depois de perder tantos anos, não foi fácil trazê-la para casa. Seu tio e sua tia não a mimam?”

Ela olhou para o casal de meia-idade à sua frente.

“Tio, tia, vocês não acham?”

O tio, Le Tang, tinha uma expressão estranha no rosto. Ele forçou um sorriso e disse:

“Claro. Todas são nossas filhas.”

6s