Capítulo 9
Pai, Eu Não Quero Me Casar
“Espera, por que estou me escondendo?”
Eu estava no meio de questionar meu próprio comportamento quando ouvi meu pai falar de novo.
— A espada não existe para derramar sangue, mas sim para proteger o que é precioso. Mas parece que você quer ir contra esse julgamento.
A voz severa de meu pai soou tão dura que quase me fez tremer inconscientemente, no entanto, o jovem a quem a reprimenda era dirigida não se abalou.
— Em vez de ir contra, simplesmente sinto que não há necessidade de criar tal fraqueza.
No momento em que o ouvi falar sobre fraqueza, automaticamente esbocei um sorriso amargo.
“Porque eu tinha muitas fraquezas e estava faltando muito como pessoa… ninguém precisava de mim.”
No passado, meu pai me abandonou e Mikhail, meu noivo, me abandonou. Eu não estou mais chateada com o que aconteceu… é só que meu eu antigo era patético e lamentável naquela época. Dei um suspiro profundo.
— Às vezes, as pessoas tendem a se tornar ainda mais fortes para proteger sua fraqueza.
Me pergunto qual é a fraqueza do meu pai que ele quer proteger.
Estado e honra? Ou talvez sejam seus homens que ele valoriza tanto. Afinal, ele sempre valorizou e levou a sério seu trabalho.
“Eu não sei qual é a fraqueza do meu pai, mas seja o que for, estou certa de que ficará bem. Diferente de mim…”
A voz penetrante do homem me tirou de meus amargos pensamentos.
— Mestre.
“Ele disse ‘mestre’? Eu nunca soube que meu pai tinha um aprendiz.”
Chocada com a nova revelação, eu espiava a cabeça ligeiramente para dar mais uma olhada.
— Não quero ouvir mais suas pregações. Estou indo embora agora.
A forma como o homem falava era tão seca e sem calor que fazia meu pai parecer afetuoso em comparação.
“Pensar que ele superaria meu pai nesse aspecto…”
Franzi a testa enquanto continuava observando as duas figuras.
— Um dia você também encontrará um. Uma existência preciosa que você vai querer proteger.
Meu pai abriu a boca para falar mais uma vez. Sua voz soava dura, mas amorosa ao mesmo tempo. Nunca tendo sido direcionada a mim, era um tom desconhecido.
“Não há nada para eu ficar com raiva. Já tracei uma linha.”
Tenho uma vida longa pela frente. Eu não queria me machucar e me abalar por algo assim.
“Não deveria ser influenciada por algo assim.”
Enquanto eu tinha decidido desistir de receber o amor do meu pai, disse a mim mesma que não me machucaria por nada do que ele dissesse. Já não significava mais nada para mim. Fortaleci firmemente minha resolução como se estivesse curando uma ferida.
Então, ouvi o aprendiz do meu pai falar em um tom arrepiante.
— Me pergunto sobre isso. Em vez de uma existência preciosa, parece que encontrei um rato escondido.
No momento em que ouvi a palavra horrível que instintivamente trouxe à tona meus medos, voltei à razão.
“O que? Um rato?!”
Fiquei arrepiada pelo corpo todo devido ao nojo extremo. Os pensamentos depressivos que eu tivera momentos antes desapareceram completamente.
“Onde está?”
Não estava em uma posição em que pudesse me mover livremente, então tive que me contentar em olhar ao redor usando apenas meus olhos. Só de pensar na possibilidade da repugnante criatura se esgueirando perto de mim me deixou horrorizada.
— Eu o pego?
Balancei a cabeça furiosamente concordando com a voz do homem que agora soava como meu salvador.
“Sim, por favor pegue!”
Mas alguém impediu que ele concedesse meu desejo desesperado.
—Não o pegue.
No momento em que ouvi essas palavras, senti muito ressentimento em relação ao meu pai.
“Pai, você realmente vai ser assim?”
Enquanto eu reclamava do meu pai na minha cabeça, ouvi a voz áspera do aprendiz do meu pai novamente.
— Por que? Você o conhece?
— Sim.
“O que? Eu ouvi errado?”
A última coisa que eu esperava ouvir era que meu pai estava em termos amistosos com um rato, mas consegui me recompor rapidamente. Lembrei-me de que o mundo em que eu estava atualmente era uma novela.
“Sim, contos de fadas geralmente têm humanos e animais conversando entre si. Além disso, meu pai é bastante excepcional… não seria surpreendente se ele também pudesse falar com os animais. Se não for o caso, também faria sentido se fosse um rato que meu pai via frequentemente e não conseguisse evitar sentir um apego por ele.”
Embora eu tentasse raciocinar e me convencer de todas essas coisas, ainda havia um problema.
“Eu ainda odeio ratos!”
Durante um dos meus turnos parciais em uma loja de conveniência, me deparei com um rato que era tão grande quanto meu antebraço. O rato também parecia ter medo de mim, já que se escondeu assim que me viu, mas desde então, fiquei cautelosa sempre que precisava ir ao armazém.
No final, o incidente me fez desistir do meu trabalho, mas como resultado, pude me despedir do rato. No entanto, o problema agora era que atualmente havia um em minha casa.
Os corredores pelos quais passei, a biblioteca, meu quarto. Não haveria lugar onde eu estivesse segura deles. Além disso, quem sabe se eles mexeram e mordiscaram a comida que eu estaria comendo.
“Eu absolutamente os odeio!”
Senti uma repentina onda de coragem.
“Se deixados assim, os ratos poderiam tomar conta de toda a casa.”
Embora eu não tivesse poder ou autoridade, como não tenho mãe, eu era a primeira dama da casa. Isso por si só era motivo suficiente para me livrar dos ratos.
“Vou contar ao meu pai.”
Ao tomar essa decisão, reuni minha coragem quando de repente ouvi meu pai falar.
— Se você se intrometer de alguma forma… não te perdoarei, mesmo que seja você.
Era uma voz arrepiante que nunca tinha ouvido dele até agora, quase pareceu uma advertência direcionada a mim. Corrigi rapidamente minha decisão.
“Por enquanto, vou voltar para meu quarto. Afinal, minha vida é mais preciosa.”
Segurando o pingente de meu pai firmemente em minha mão, escapei silenciosamente.
Assim que a presença de Juvelian desapareceu, a tensão no ar se acalmou ligeiramente.
“Aqueles passos realmente me incomodam.”
O jovem franziu a testa, incapaz de precisar a razão por trás de seu desconforto.
— Max.
Ao ouvir seu nome, Max virou-se para olhar para seu mestre.
— Sim.
— Você chamou aquela menina de rata estando plenamente ciente de quem ela era?
À primeira vista, seu tom não era diferente do habitual, mas o olhar em seus olhos revelou o estado de fúria de Regis.
Já fazia muito tempo desde que seu mestre tirou sua máscara habitual.
— Não sei quem era.
Havia apenas uma pessoa que poderia fazer seu mestre ficar tão sensível.
Max já havia descoberto a identidade desse alguém, mas preferiu franzir a testa para seu mestre. Passaram-se dez anos desde que Max aprendeu a manejar uma espada de seu mestre, o Duque Floyen, tendo-o conhecido pela primeira vez quando tinha 12 anos.
Max sabia como seu mestre era rígido e direto, mas houve momentos em que seu mestre se abriu.
— Aquela era minha filha.
Foi apenas durante os momentos em que falou de sua única filha.
Max lembrou-se do nome que sempre ouvia seu mestre dizer.
— Juvel.
Assim que disse o nome dela, Max viu que os cantos da boca do Duque se curvavam em um sorriso sutil.
— Exatamente.
Ele só mencionou o apelido da filha, mas foi o suficiente para aliviar um pouco a tensão no rosto de seu mestre.
O jovem franziu a testa.
“Não entendo.”
Quando era jovem, no momento em que perdeu sua mãe, sua família se tornou nada mais do que um inimigo que ameaçava sua vida.
Quem o ensinou a empunhar uma espada e a se proteger durante esses tempos aterrorizantes não foi ninguém menos que seu mestre, o Duque Floyen.
— Já que você me chamou de seu mestre, vou te ensinar a arte da espada em segredo para que você possa sobreviver daqui para frente.
Em um momento, Max tinha tanto respeito por seu mestre que desejava ser como ele, mas estava seguro de que esse não era mais o caso.
“Pensar que ele mesmo se ataria uma corda ao redor do pescoço para proteger alguém assim.”
O mestre que ele tinha na frente agora parecia patético aos seus olhos. Um olhar inquieto passou por seu rosto. Seus lábios, que estavam bem fechados, logo se curvaram em um sorriso torto.
“Nunca criarei uma fraqueza como você.”
Max estava plenamente ciente do tipo de humilhação que seu mestre estava suportando por causa de sua fraqueza.
“Não importa o quão forte você seja, no momento em que uma corda é amarrada ao redor do pescoço, você se torna tão fraco quanto sua fraqueza.”
O rosto de Max, que havia estado sorrindo cinicamente, rapidamente se transformou de volta para a indiferença. Seu mestre, que o estava observando, parecia ter captado seus pensamentos.
— Então, mesmo que você não perceba, já passou pela mente de alguém?
Max franziu a testa em resposta à pergunta inesperada.
— Você não vai aceitar sua mudança?
Ao lembrar da memória desagradável de um tempo atrás, seu rosto se enrugou ainda mais. O Duque soltou um suspiro.
— Você deveria ir embora antes que seja tarde demais.
Depois de ouvir a voz abafada de seu mestre, o jovem ergueu o capuz em silêncio.
— Preocupe-se com você mesmo.
Max franziu a testa e saiu pulando pela janela. O Duque observou as costas de seu aprendiz. Ele era muito habilidoso, então não havia como se machucar.
“Ele é mais sério do que eu pensava.”
Ele havia enfatizado repetidamente ao seu aprendiz a importância de valorizar todas as vidas, mas Max estava se tornando um homem de coração frio, matando seus inimigos sem hesitação e usando todos os meios necessários para alcançar seu objetivo.
O rosto do Duque se escureceu.
“Eu também era assim.”
Durante a guerra, Regis percebeu que as pessoas fracas morriam facilmente. Ele desdenhava mais do que simpatizava com os fracos. Ele achava natural que ficassem para trás.
Quem mudou um homem tão frio foi alguém tão fraco e delicado que teve o cuidado de tocar.
“—Papai!”
Um sorriso suave apareceu no rosto do Duque, que anteriormente estava obscurecido na escuridão.
“Max, você não sabe de nada.”
Para Regis, sua filha se tornou o único propósito de sua vida sem sentido. Ela se tornou sua salvação.
Regis queria que seu tolo aprendiz soubesse o que parecia não entender.
“Essa garota é a única razão pela qual não me tornei um monstro, a razão pela qual posso existir como ser humano.”
Durante todo esse tempo, sua adorável filha foi a única razão pela qual ele pôde suportar sem enlouquecer.
Quando voltei para o meu quarto, contei às minhas criadas que achei ter visto um rato.
— Um rato, Senhorita?
— Tenho certeza de que ouvi o mordomo dizer que contratou alguém para pegar todos os ratos.
Marilyn balançou a cabeça para as outras criadas.
— Dado o tamanho da casa, provavelmente algum escapou. Um ou dois são suficientes para causar um grande problema, já que se reproduzem muito rapidamente.
Só de imaginar a visão dos ratos, minhas pernas enfraqueceram.
“Eca… que nojo. Um já é assustador o suficiente…”
Como se percebesse meu desconforto, Marilyn me tranquilizou calmamente.
— Por favor, não se preocupe, Senhorita. Vou relatar isso para a Sra. Ferris e garantir que nenhum rato seja visto novamente.
Depois de ouvir essas palavras, consegui relaxar um pouco e até soltar um pequeno sorriso.
“Sim, é bom que não tenha saído antes.”
Se tivesse saído e contado a meu pai sobre o rato, teria sido em vão, já que os criados desconfiavam dele. Teria sido inútil contar aos serviçais.
Mas como não saí do meu esconderijo antes, meu pai não saberia que eu estava ali. Ele não seria capaz de adivinhar que a razão pela qual espalhei esses rumores de ratos foi porque testemunhei ele e seu aprendiz.
“Agora posso relaxar enquanto os serviçais cuidam do problema dos ratos.”
— E assim, atualmente estamos reunindo todos os serviçais para pegar o rato.
A Sra. Ferris, chefe do pessoal feminino e governanta, deu seu relatório ao duque.
Regis esfregou a testa enquanto soltava um suspiro.
“Parece que ela entendeu mal a conversa anterior.”
Pensando em como poderia aliviar a mente preocupada de sua filha, Regis permaneceu em silêncio, pensando seriamente.