Capítulo 4
Nesta Vida Eu Serei A Matriarca
— Ela nos chutou e derrubou, e depois disso, ela começou a nos bater com o livro…
Acho que estou ficando louca.
Mentir mudando os fatos de maneira complicada.
Também foi surpreendente que Astalieu possui um cérebro capaz de fazer isso.
Com todo o meu coração, eu queria gritar que era tudo mentira, mas me contive.
Em vez disso, apenas olhei para meu avô com o significado de “Tenho algo a dizer!”.
Meu avô olhou para mim uma vez e perguntou a Astalieu novamente.
— Você quer dizer que Florentia começou a bater em você e em Velsac sem motivo?
— Bem, isso…
Infelizmente ou felizmente, Astalieu não é muito adepto para inventar mentiras rapidamente.
Com uma cabeça tão dura, ele consegue fazer algo fisicamente, mas trabalhos que exigem raciocínio mostram realmente o quanto ele carece dessa habilidade lógica.
— Florentia nos odeia desde sempre!
Sentindo uma sensação de crise, Velsac falou em voz alta em vez de Astalieu.
Eu levantei os cantos da minha boca silenciosamente.
— Não interrompa a conversa de outra pessoa, Velsac!
Porque é o que o vovô mais odeia.
É por isso que tenho me segurado sem gritar que é injusto.
— Onde você aprendeu modos tão desprezíveis?
Os olhos molhados de Velsac se encheram de lagrimas novamente devido à repreensão.
Mas ele não consegue nem choramingar, evidenciando ainda sobre o quão assustado está.
— Continue falando, Astalieu.
Contudo, é Astalieu quem está ficando mais nervoso agora.
O garoto que falhou em inventar as desculpas certas, enterrou o rosto nas roupas do pai, e começou a chorar.
Bem…
Essa era a reação das crianças normais na frente do avô.
O tremendo carisma de Rulak Lombardi às vezes faz até mesmo adultos tremerem.
Desde pequena conheço meu avô, e sou parte de Lombardi, então eu estava bem.
A maioria das pessoas nem mesmo ousava fazer contato visual.
— Florentia.
Quando meu avô me chamou, senti a mão de meu pai segurar meu ombro com mais força.
— Diga-me você.
Mas, ao indagar, meu avô parecia não ter as expectativas muito altas.
Era natural.
A eu original era uma criança excepcionalmente tímida.
Foi isso que herdei de meu pai, ainda mais porque fui assediada pelos meus primos daquele jeito.
Mas eu disse, olhando direto nos olhos do meu avô.
— Eu não fiz nada de errado!
— Você bateu no meu filho e ainda assim…!
— Vieze!
Por fim, uma grande raiva irrompeu do meu avô.
O ímpeto de Vieze, que parecia querer me mastigar a qualquer momento, morreu e seus ombros se encolheram.
Ele não conseguiu superar seu temperamento e intervir, um tempo atrás, seu filho foi repreendido por fazer o mesmo.
Tal pai, tal filho.
— Continue falando.
Vovô disse horrivelmente para mim.
Mas eu podia ver que havia algo mais naqueles olhos que pareciam frios à primeira vista.
— Eu estava aqui esperando meu pai. Mas, de repente, Velsac e Astalieu começaram a zombar de mim chamando-me de mestiça e meio sangue, e eu disse a eles para não fazer isso, então ele me bateu.
— Quem bateu em você?
— Velsac.
Não me esqueci de levantar meu dedo indicador e apontar para Velsac.
— E ele me chamou de humilde e me disse para ir para uma aldeia de plebeus.
Mesmo que eu não visse, eu sabia que tipo de expressão meu pai fazia.
Era porque a mão em meu ombro tremia de raiva.
Pode ter sido um pouco complicado, mas agora era hora de contar a ele como eu estava sendo tratada.
Pai, desculpe.
Por favor, seja paciente.
— Então você bateu em Velsac por causa disso?
— Não.
— Então por que você bateu nele?
— Isso foi… Velsac…
Eu respirei fundo e disse novamente.
— Foi porque Velsac disse que eu não sou uma Lombardi.
Os olhos castanhos do meu avô e os meus se encararam diretamente.
Eles eram olhos castanhos de aparência simples, mas eu sabia que viam mais do que se podia imaginar.
— Sim, eu sou meio-sangue.
Minha mãe não teve permissão para usar o nome de Lombardi até o fim, então eu era definitivamente meio-sangue.
Eu não tinha intenção de negar.
— Embora eu seja meio sangue, definitivamente sou uma Lombardi que meu avô reconheceu.
No passado, eu pensava que era incompleta porque minha mãe era uma plebeia.
É por isso que sempre fui ignorada e tratada como meio sangue, considerando meus primos seres com a metade que eu nunca teria.
É por isso que já tinha aceitado, embora eu fosse tratada como uma funcionária e não um membro da família.
No entanto, quando via como eles administravam a família, percebi que era doloroso.
Eu sou cem vezes mais digna do nome Lombardi do que aqueles idiotas que se autodenominam Lombardi e encolhem os ombros.
O fato é que eu não era menos do que ninguém, eu era Lombardi.
— Velsac disse que eu não sou Lombardi. E eu não aguentei isso.
— Então você bateu nele não porque ele zombou de você, mas porque ele disse que você não era Lombardi?
— Sim.
Eu balancei a cabeça e respondi, então deliberadamente acrescentei uma palavra.
— Vovô.
Significava “eu também sou sua neta”.
Queria dizer que mereço chamá-lo de avô tanto quanto Velsac.
E no momento, eu vi.
O leve sorriso no rosto do meu avô, que estava rígido como se estivesse com raiva.
— Seus joelhos não estão doendo?
No final das palavras do meu avô, olhei para os meus joelhos.
O sangue passava pelo tecido do vestido.
— É claro que eles estão.
— Mas você não está chorando. Ouvi dizerem que você era chorona.
Droga.
Você está achando estranho a minha mudança repentina de personalidade que era chorona até ontem?
Um pouco envergonhada, respondi rapidamente.
— Vou chorar, mas no meu quarto após dizer tudo o que preciso dizer.
— Huuh.
Meu pai sorriu um pouco acima da minha cabeça.
Eu ouvi um som.
Ao mesmo tempo, uma atmosfera tensa foi suavemente aliviada.
Graças a Deus.
Eu secretamente engoli um suspiro de alívio.
A primeira coisa que tenho de fazer para me tornar líder é ganhar a confiança do meu avô.
O Patriarca Lombardi.
Desde as pequenas as grandes coisas da família, tudo ia conforme a vontade do avô.
Em recompensa, sua atenção significava proteção absoluta, especialmente quando recebemos sua aprovação.
E embora as outras pessoas da família não estivessem satisfeitas comigo, elas não poderiam fazer muito, desde que eu seja favorecida por meu avô.
Em Lombardi, estar fora dos olhos do avô é como uma morte social.
O incidente com Velsac aconteceu inesperadamente, mas foi uma oportunidade.
Eu estava me perguntando como poderia chamar a atenção do meu avô, mas parece que dei um passo mais perto dessa oportunidade.
— Pai. Acho que precisamos cuidar das feridas de Flore.
Meu pai falou com meu avô.
— Bem, sim. Está certo, vá.
— Com sua permissão, estou indo.
Foi quando eu estava tentando segurar a mão do meu pai.
— Espere.
Vovô me chamou.
Ah, por que novamente-
— Florentia, este livro é seu?
Foi meu avô quem pegou um livro que havia caído no chão, me estendeu e perguntou.
O grosso livro intitulado “O Povo do Sul” não era um livro de contos de fadas lido por crianças, mesmo à primeira vista.
Isso significa que é muito caro e valioso.
Eu estava paralisada.
Era porque eu havia me esquecido completamente do livro e porque sabia o que meu avô pensava das pessoas que usam livros.
Resolvi confessar.
Meu avô viu que bati em Velsac com esse livro, então não havia saída.
— Sim, esse é o meu livro.
Eu respondi, abraçando o livro com as duas mãos.
— Eu sinto muito.
— Por quê?
Vovô olhou para mim como se estivesse ponderando.
O quê? Você não está com raiva?
— Pelo que você se desculpa?
— Bem… isso é porque tratei esse livro muito duramente. Os livros são ferramentas para transmitir conhecimento, não para acabar com–digo, não para ferir os outros.
— Você disse que não fez nada de errado um pouco antes.
Você tem uma boa memória.
Eu disse fingindo não saber.
— Acho que é importante admitir rapidamente quando reconhecer um erro.
— Haha…
Meu avô, que poderia ter rido por um momento, disse ao meu pai.
— Vá e leve Florentia ao médico.
Um médico que mora em Lombardi.
Com o apoio da família, era um pequeno hospital que curava as pessoas enquanto ensinava aos discípulos e realizava pesquisas.
— Sim, pai.
Meu pai olhou para meus joelhos sangrando e me abraçou.
Como tenho apenas sete anos, era natural que o pai abraçasse uma filha, mas sou uma mulher adulta com uma mente completamente formada.
Foi estranho ser abraçada com tanta ternura pelo meu pai que morreu há muito tempo.
— Mas pai! Você deixará isso assim? Florentia bateu em Velsac!
Vieze, que estava se contorcendo, gritou injustamente.
— Florentia deve assumir a responsabilidade por isso!
Oh, ele explodiu.
— Você quer discutir sobre a minha decisão agora?
A voz do vovô tornou-se dura novamente.
— Não, não é isso…
— Vieze.
— Sim, Pai?
— Você sabe que isso é vergonhoso.
O avô, que deixou apenas essas palavras, voltou para a sala.
Vieze tentou argumentar, mas não havia nada que ele pudesse fazer.
— Iremos então.
Meu pai os cumprimentou enquanto me segurava.
Pensou em ir embora imediatamente, mas parou de andar por um momento e disse:
— Irmão, você não está muito preocupado com uma simples brincadeira de crianças?
— Uhuuu.
Tive que fechar a boca apressadamente com uma das mãos.
Sempre que Velsac me atormentava, Vieze retornava o que meu pai havia dito a pouco.
— Você, você…!
Vieze era temperamental e não soube o que fazer, mas meu pai apenas mexeu os pés e caminhou com uma expressão calma.
Abracei o pescoço do meu pai e olhei para trás, procurando por Velsac com meus olhos.
Quando ele fez contato visual comigo, ele balançou seu ombro.
Eu subtraí o sorriso mal-humorado do rosto sorridente e disse sem expressar som.
‘VEJO. VOCÊS. MAIS TARDE.’
O garoto quieto de repente gritou e começou a chorar.
— Aah… uhhh.
Aproveitei o momento esfregando meu rosto nos braços de meu pai que sinto falta sem prestar atenção.
Oh, cheira tão bem.