Volume 2 - Capítulo 207
Dao of the Bizarre Immortal
— Qual é o problema, jovem Taoísta? — Jin Shanzhao perguntou enquanto recuava alguns passos após ver quão agitado Li Huowang estava.
Para Jin Shanzhao, aqueles potes pretos pareciam normais, assim como qualquer outro pote de argila que era usado para guardar vegetais. A única diferença que conseguia localizar eram os papéis vermelhos invertidos do caractere de “prosperidade”.
No entanto, Li Huowang não abaixou a guarda: — Alguém acabou de olhar para mim daqueles potes!
— Olhou para você? — Jin Shanzhao ficou confuso e examinou novamente os potes: — Será que tem alguém dentro deles? Mas os potes são pequenos demais para caber uma pessoa.
— Nunca disse que era humano! — respondeu Li Huowang enquanto desdobrava os Registros Profundos e disparava uma das unhas na direção do pote preto, destruindo-o no processo.
Splash!
Os potes pretos quebraram um atrás do outro enquanto salmoura marrom e vegetais em conserva espalhavam por toda parte.
Li Huowang manteve-se alerta e se aproximou cuidadosamente, usando a espada para pegar os pedaços dos potes para inspecionar.
Porém, não conseguiu encontrar nada de errado. Eram potes normais usados para guardar vegetais.
O som dos potes sendo quebrados chamou a atenção das pessoas. Uma senhora com uma bengala se aproximou: — Seu patife! Por que quebrou meus potes? Pague!
Li Huowang embainhou a espada e jogou algumas peças de prata. Então, recuou cautelosamente, com os olhos fixos na senhora.
— Taoísta, para onde estamos indo? Não devíamos comprar comida? — perguntou Jin Shanzhao apressadamente.
— Precisamos sair deste lugar agora. Podemos comprar comida em outro lugar! — declarou Li Huowang. Ele perdeu toda e qualquer confiança que tinha na aldeia.
Ele preferiria estar errado a ser emboscado por algo que não conhecia; ele passou a ser cauteloso com tudo neste mundo bizarro.
A senhora não os impediu de sair. Ela apenas resmungou enquanto pegava as peças de prata.
Após sair da aldeia, Li Huowang levou todos consigo e voltou à jornada. Desta vez, só pararam à meia-noite.
Quando pararam, estavam numa floresta de bambu. Neste ponto, Li Huowang sentiu que estavam longe o bastante do perigo, independente da coisa que estava no pote.
Eles montaram um acampamento e começaram a cozinhar. Mesmo que estivessem cansados, ainda precisavam comer ou seus corpos desabariam.
Li Huowang não fez parte da preparação. Ao invés disso, permaneceu alerta enquanto ficava na carroça de boi. Seus olhos eram extremamente afiados e conseguiam ver tudo na escuridão.
Ao mesmo tempo, Pão, que entendeu um pouco o que Li Huowang estava fazendo, colocou o nariz no chão. Então, começou a fungar na área para garantir que não houvesse nada suspeito.
Nada aconteceu enquanto a refeição era preparada. Era como se o olhar que sentiu na aldeia não fosse nada mais que uma ilusão.
Eu cometi um erro?
Li Huowang começou a duvidar de si. Honestamente, nem ele confiava totalmente em si.
Porém, jogou imediatamente as dúvidas fora. Tudo estava no passado e não havia necessidade de hesitar.
— Sênior Li, a comida está pronta. Venha comer — chamou um dos assistentes.
A refeição da noite consistia em macarrão com broto de bambu. Eles coletaram brotos frescos na floresta de bambu. Os brotos eram crocantes e doces. Mesmo que não houvesse nenhuma carne, já que usaram banha de porco para cozinhar a refeição, tinha um cheiro celestial. Li Huowang comeu contente a refeição sem reclamar.
Todos estavam amontoados ao redor da fogueira enquanto comiam. Os sons de mastigar e chupar não pararam.
Após comer, todos se sentiram cansados. Logo, se deitaram e se cobriram para dormir.
Entretanto, Li Huowang estava no turno da vigia esta noite. Ele não confiava em mais ninguém para fazer isto.
Neste momento, não havia barulhos na floresta de bambu além dos estalidos da fogueira.
Li Huowang se sentou ao lado da fogueira enquanto acariciava o pelo macio do cachorro. Infelizmente, como não era um robô, ficou com sono em pouco tempo. Ele balançou a cabeça numa tentativa de espantar a sonolência, mas foi em vão. Então, tirou os piques afiados da bolsa de ferramentas de tortura e usou para apunhalar a palma direita.
O sangue fez seu manto ficar num tom ainda mais profundo de vermelho. O corpo de Li Huowang instantaneamente ficou tenso de dor e não sentiu mais sonolência.
— Jovem Taoísta, por que não troca comigo? Um idoso como eu não precisa dormir muito.
Li Huowang não precisava ver quem era para saber que a voz pertencia a Lu Zhuangyuan. Os passos e o cheiro de fumaça o denunciaram: — Líder da Trupe Lu, vá dormir. Temos uma longa viagem pela manhã e você deveria descansar, ou pode colapsar.
Lu Zhuangyuan se aproximou de Li Huowang e se sentou ao lado dele, seu rosto estava com ainda mais rugas. Então, tirou cuidadosamente três tiras de tabaco antes de misturá-los com algumas folhas secas e colocar a mistura no cachimbo.
— Taoísta, o que acha do meu filho mais novo? — perguntou Lu Zhuangyuan.
— Hm? — Li Huowang olhou para Lu Xiucai, que atualmente estava dormindo com seu irmão e cunhada. Ele nunca pensou muito sobre ele. Não só era covarde, como também hesitava muito e não tinha autoconfiança.
— Jovem Taoísta, sei que é apenas uma ilusão… mas eu ainda gostaria de tentar. Você poderia aceitá-lo como discípulo? Ele tecnicamente não é um artista ainda porque não aperfeiçoou seu canto. Espero que não desgoste dele. Não espero que o ensine tudo que sabe, mas pelo menos nossos ancestrais ficariam felizes se ele conseguisse aprender um de seus poderes — falou Lu Zhuangyuan.
Assim que terminou de falar, Li Huowang se levantou de repente.
— Eles estão aqui! Pessoal, acorde! — Li Huowang gritou enquanto o resto tentava ao máximo se livrar do torpor.
— Se preparem! — Li Huowang avisou os outros enquanto se aproximava lentamente de um lado da floresta de bambu. A escuridão na floresta a fazia parecer ainda mais sinistra.
Não demorou muito para ver duas urnas na floresta. As urnas não eram grandes, tendo por volta do tamanho de melancias. Havia uma longa folha vermelha com palavras em cada uma das urnas.
Uma delas tinha “Mãe Morta, Yang Fengling”, enquanto a outra estava “Avô Morto, Li Gongquan”.
Estava claro que estas eram urnas de cremação. Havia até sinais de adoração nelas.
Vendo a cena, Li Huowang hesitou.
Eu deveria destruí-las? Mas e se algo surgir quando eu destruir?
Após muita hesitação, Li Huowang recusou cuidadosamente. Ao mesmo tempo, a fogueira desapareceu enquanto corriam.
Foi só após muito tempo que as tampas das duas urnas abriram lentamente. Então, a cabeça de uma criança surgiu em cada urna, com pó branco em seus rostos.
Elas não eram crianças normais também. Suas cabeças tinham aproximadamente o tamanho do punho de um homem. A maquiagem vermelha em suas bochechas amplificava a palidez do resto de seus rostos.
As duas se entreolharam e riram. Então, levantaram as mãos e pernas pálidas antes de sair das urnas.
As duas estavam prestes a sair quando uma sombra caiu dos céus e bloqueou seu caminho.
Li Huowang rangeu os dentes enquanto seus olhos avermelhados observavam as duas coisas estranhas na frente dele.