Volume 5 - Capítulo 114
Kill the Sun
Nick acordou e olhou para o relógio.
5:35h
“O alarme toca em dez minutos de qualquer forma.”, pensou.
Levantou-se da cama, foi até o relógio na parede e apertou um botão na lateral.
Ele havia descoberto, no dia anterior, que os relógios do hotel tinham uma função de alarme, graças a um dos funcionários.
Isso facilitava muito a vida de Nick.
Depois de desativar o alarme, ele pegou as braçadeiras.
Mas, antes de colocá-las, olhou para seus pulsos.
Nick viu cortes desbotados neles e franziu a testa.
Uma memória de dois dias atrás passou por sua mente.
Depois de correr usando as braçadeiras, Nick havia voltado para casa, e, ao tirá-los, percebeu que tinham cortado sua pele.
Embora os quatro braçadeiras fossem armas bastante caras, não foram projetados para serem usados por horas enquanto ele corria.
Naturalmente, os pulsos sangrando de Nick doíam bastante, mas ele não considerava a dor algo ruim.
De certa forma, essa dor reafirmava sua convicção.
Ver o quanto ele tinha se esforçado acalmava um pouco a culpa que sentia.
Ele estava se dedicando tanto que chegava a sangrar.
Mesmo que Horua pudesse vê-lo, não diria que Nick não estava fazendo o seu melhor.
No dia seguinte, os cortes nos braços de Nick tinham cicatrizado um pouco, mas ainda havia algumas crostas.
Mesmo assim, ele colocou as braçadeiras novamente e treinou o dia todo.
No final, ele sangrou novamente, mas não tanto quanto no primeiro dia.
E, naquela manhã, os cortes estavam quase completamente cicatrizados.
Só seria possível notá-los se alguém soubesse que deveriam estar ali.
Eventualmente, Nick colocou as braçadeiras e saiu para o trabalho.
Oficialmente, ele estava afastado do trabalho há três dias, mas, na prática, não trabalhava havia cerca de cinco dias.
Muita coisa tinha acontecido nesses últimos cinco dias.
Nick matou Pator.
Horua morreu.
Nick começou a se sentir horrível.
Encontrou um novo objetivo.
E treinou.
Para Nick, parecia que não trabalhava há um mês.
Ele saiu do hotel e entrou em uma loja próxima que vendia alimentos.
Nos últimos dias, Nick havia descoberto outra coisa que tinha um gosto incrível.
Aparentemente, as tais galinhas também botavam ovos, e esses ovos eram uma ótima fonte de diversos nutrientes de que os humanos precisavam.
Mas os ovos eram caros. Um ovo não era muito grande, mas custava quase dez créditos!
Mesmo assim, Nick via esse gasto como um investimento.
Se comer os ovos fosse apenas um hobby ou um prazer, ele sentiria que estava jogando dinheiro fora.
Mas isso era para seu futuro e seu poder.
Nick precisava investir dinheiro em seu poder!
Por isso, não se incomodava tanto com o preço alto.
Além disso, considerando o que Nick ganhava em um dia, o preço da comida nem era tão alto.
Como Chefe Extrator Zephyx, Nick recebia 10% do que Trevor, Jenny e o Caixão Gritante produziam.
Portanto, mesmo sem trabalhar, Nick ganhava pelo menos 2.000 créditos por dia.
Gastar de 200 a 300 créditos em comida era apenas 10% do que ganhava.
Depois de devorar cinco ovos, Nick foi até a Sonho Sombrio.
Ao entrar, ele franziu levemente a testa.
Sua habilidade havia se desativado, mas ele não viu ninguém.
“O espião voltou”, pensou Nick.
“Infelizmente, ainda não é hora de confrontar Ardum.”
Nick seguiu em frente e entrou na Unidade de Contenção do Caixão Gritante.
Surpreendentemente, o Caixão Gritante estava deitado pacificamente no centro da sala.
“Acho que Wyntor encontrou uma maneira de conseguir um cadáver”, pensou Nick.
Vendo que não era necessário ali, Nick deixou a unidade de contenção e parou em frente ao escritório de Wyntor.
Alguns minutos depois, Wyntor entrou no armazém.
Ao ver Nick, Wyntor ficou um pouco surpreso.
Nick parecia bem diferente de antes.
Três dias atrás, ele parecia tão frágil e vulnerável, e dois dias antes disso, parecia prestes a pronunciar a Sentença.
Mas agora, Nick parecia… firme e sério.
Ele sempre tivera um ar leve e simpático, mas agora parecia alguém que não estava interessado em ouvir piadas.
Era uma transformação bastante marcante.
Mesmo assim, Wyntor aprendera a interagir com todos os tipos de pessoas e a discernir emoções pelos menores sinais.
E ele podia dizer que Nick estava preocupado naquele momento.
— Você notou nossos novos colegas, imagino? — perguntou Wyntor com um sorriso.
Nick franziu a testa. — Novos colegas? — repetiu.
Wyntor assentiu e apontou para um corrimão na lateral do armazém.
Naturalmente, quase todos os armazéns da Cidade Externa eram equipados com algum tipo de andaime metálico com escadas baratas que levavam a um nível mais alto na borda do armazém.
Esse nível superior consistia em um corredor feito de grades metálicas, com pouco menos de dois metros de largura, que circundava os lados do armazém.
Nick olhou para o local que Wyntor apontava e viu um homem levantando a mão direita em cumprimento.
O homem usava um uniforme cinza, que quase se misturava ao cinza das paredes.
Ele também carregava algumas armas consigo.
No geral, o homem passava uma sensação parecida com a dos guardas da cidade, mas um pouco mais discreta.
— Este é um dos membros da equipe de guarda que contratei — disse Wyntor.
Depois, apontou para outro ponto. — Outro deve estar ali.
Nick franziu a testa e olhou na direção indicada.
Demorou alguns segundos, mas, eventualmente, conseguiu discernir a silhueta de outro homem.
— E o último está lá — disse Wyntor, apontando para mais um local.
De fato, Nick viu uma terceira pessoa.
— Sempre há três guardas aqui — disse Wyntor. — Queremos garantir que ninguém tente eliminá-los um por um, por isso todos têm visão uns dos outros e estão em lados opostos do armazém.
— São profissionais e podem enfrentar um Extrator Zephyx de nível um Intermediário com suas armas e táticas.
— E o melhor de tudo: essa equipe inteira custa apenas 1.500 créditos por dia.