Volume 1 - Capítulo 17
De Bandido a Ídolo: Transmigrando para um Reality de Sobrevivência
Dois anos atrás, março de 2021
"E aí, Jun Hao!", Bo Wen chamou. Jun Hao parou de esfregar o vaso sanitário e se levantou.
"Tem um novo membro esperando por você. Dá uma orientada nele pra mim." Dito isso, o careca saiu mastigando uma barra de chocolate.
Jun Hao franziu os lábios, tirando as luvas de limpeza.
"É o seu trabalho, pelo amor de Deus! Por que sempre tem que ser eu?", resmungou ele.
Lavou as mãos e se certificou de que estava apresentável antes de encontrar o novo membro. Entrou na boca do lobo e viu algumas pessoas jogando, bebendo e trocando socos, mesmo em plena luz do dia. Olhou em volta até seus olhos encontrarem um rosto desconhecido.
"Você é o novato?", perguntou. O rosto novo se levantou e abaixou a cabeça.
Poxa, esse garoto era bem bonito. O que ele estava fazendo num lugar desses?
"Sim, senhor. Meu nome é Lin Zhi. Vou me juntar à Gangue do Tigre Branco a partir de hoje."
"Quantos anos você tem, garoto?", Jun Hao perguntou, sentando-se no sofá surrado e tirando um cigarro. Depois deu uma batidinha no lugar ao lado dele. Lin Zhi relutantemente se sentou.
"Eu nasci em 2000, senhor", respondeu Lin Zhi.
"Você é bem novo", disse Jun Hao. "Só 21, né? O que você está fazendo num lugar desses?"
Mas, pensando bem, Jun Hao tinha entrado na gangue com mais ou menos a mesma idade.
"O chefe ofereceu a vaga de traficante pra mim", disse ele. "Preciso do dinheiro para ir para a Coreia e ficar lá."
"Coreia?", Jun Hao levantou as sobrancelhas. "O que você vai fazer lá?"
"Não posso revelar isso, senhor. Mas já contei meus planos para o chefe. Ele concordou em me manter aqui até eu juntar dinheiro suficiente para isso."
Jun Hao sentiu uma certa amargura. Um novato já recebia a posição de traficante sem nem mesmo fazer parte da gangue. No entanto, ele estava preso sendo um faz-tudo há seis anos! Ele teria ganho muito mais dinheiro até agora se fosse traficante.
Ele suspirou e se levantou do sofá, colocando a ponta do cigarro no cinzeiro.
"Tudo bem, vou te mostrar o lugar. Presta atenção para eu não precisar repetir, certo?"
Um ano atrás, janeiro de 2022
"Parabéns, irmão!", exclamou Lin Zhi, dando a Jun Hao uma garrafa barata de vodka de presente.
"Que mão de vaca, hein", brincou Jun Hao. "Finalmente fui promovido, mas é só isso que você vai me dar?"
"Você sabe que estou juntando dinheiro para alguma coisa, irmão. Me dá um desconto. Tenho certeza de que você vai poder comprar uma garrafa mais cara agora que é um dos braços direitos do chefe. Você finalmente pode desobedecer às ordens do Bo Wen."
Jun Hao revirou os olhos. "Aquele careca ainda é teimoso. Tenho certeza de que ele vai me fazer limpar o vaso dele mesmo que a gente esteja no mesmo nível agora."
"Bem, pelo menos você não vai limpar o vaso dos outros agora! Estou orgulhoso de você, irmão. Não me esqueça, certo?"
Jun Hao bagunçou o cabelo do mais novo. "Como eu poderia esquecer o garoto que me deu tantas dores de cabeça?"
Ele riu. "Não se preocupe, irmão. Logo eu saio do seu pé. O dinheiro que preciso para me mudar está se acumulando aos poucos."
"Ah, certo. Você vai para a Coreia, certo? Você ainda não me disse o que vai fazer lá."
"Você vai saber quando eu chegar lá, irmão", ele sorriu. "Vou garantir que você vai saber com certeza."
"Seu dinheiro ainda não é suficiente?", perguntou Jun Hao. "Você está traficando há cerca de um ano. Tenho certeza de que você já juntou alguns trocados."
"Tenho dinheiro suficiente para a passagem", disse ele. "Mas eu sou só um traficante, irmão. Não sou o chefão. Minhas economias não são suficientes para uma casa ainda. Você sabe como os preços dos imóveis estão loucos na Coreia agora."
"Quando você vai então?", perguntou Jun Hao.
"O chefe me pediu para fazer algo", respondeu ele enigmaticamente. "Assim que eu fizer isso, acho que finalmente poderei ir."
Um ano atrás, junho de 2022
"Bo Wen", exclamou Jun Hao enquanto seu amigo careca de oito anos o fitava nos olhos. Havia um toque de culpa em seu olhar, mas isso não diminuía o fato de que ele estava traindo Jun Hao naquele momento.
"Ah, seus bons amigos estão aqui. Não está feliz?", exclamou o chefe. "Eles pelo menos vão poder testemunhar sua morte!"
"Por que você está fazendo isso?", Jun Hao gritou. "Se for pela maleta, só pegue! Por que você tem que me matar?"
"Como eu disse, não gosto da forma como você está se saindo, Jun Hao", disse o chefe calmamente. "Você vai se tornar um homem muito, muito forte. Eu não preciso de um homem mais forte que eu. Seria burrice da minha parte."
"Eu te servi como um escravo da p***!", Jun Hao cuspiu. "Eu só fiz obedecer suas ordens nos últimos oito anos. E agora que meu pagamento está atrasado, você está me matando? Depois de tudo o que eu fiz por essa gangue?"
"Lembre-se sempre, Jun Hao. Você não é especial. Você é substituível. Você não tem amigos aqui. É culpa sua por acreditar nisso."
A mandíbula de Jun Hao se contraiu. Então ele sentiu um metal frio pressionando sua têmpora. Ele olhou para cima e viu outro rosto familiar iluminado pela luz.
Lin Zhi.
Jun Hao riu como um louco. Ah, ele deve ser mesmo muito idiota. Jun Hao sabia que a gangue não era um lugar para fazer amigos, mas será que era mesmo culpa dele por se importar com as pessoas com quem trabalhava todos os dias?
Bo Wen, ele o tratava como um verdadeiro amigo.
Lin Zhi, ele já o considerava um irmãozinho.
"Desculpa, irmão", Lin Zhi murmurou antes de colocar o dedo no gatilho, apertando a porta para a morte de Jun Hao.
Bang.