Capítulo 1
Damn Reincarnation
Eu costumava pensar que era um gênio, mas agora que olho pra trás, é tão vergonhoso a ponto de me deixar maluco. Entretanto, o fato é que eu realmente acreditava ser um gênio.
No começo, eu tinha talento o bastante para me permitir ter essa convicção tola. Durante minha infância, não tinha problema quando se tratava de aprender coisas novas, e conseguia melhorar minhas habilidades mais rápido do que qualquer um.
Porém, as coisas só foram fáceis no começo, Apesar de eu melhorar mais rápido do que qualquer um no começo, quando as coisas realmente começaram a ficar sérias, comecei a ficar no mesmo ritmo que os outros.
Não pensei muito nisso na época porque pensei que essas coisas aconteciam mesmo. Até porque, eu ainda não estava melhorando aos poucos? Ainda consigo, e por quê? Porque sou um gênio.
No fim, fui forçado a aceitar a realidade que tentei tanto ignorar.
Eu não era um gênio.
Foi tudo graças a conhecer um ‘verdadeiro’ gênio, alguém que eu não poderia sequer me comparar, que finalmente saí dessa ilusão ridícula e infantil.
Eu, que pensava ser um gênio, não passava de um sapo no poço. Dentro da minha zona de conforto fiquei convencido de um falso senso de superioridade. Enquanto isso, os reais gênios já estavam voando pelo céu aberto.
Eu odiava esse gênio.
Sentia minha vontade de matar crescendo sempre que ouvia ele falar bobagens sobre como qualquer um poderia fazer o que ele havia feito se realmente tentassem.
Se ele acredita ou não no que dizia, ou se estava fazendo pouco caso dos esforços de pessoas menos talentosas do que ele, ainda me fazia sentir um merda.
Está com inveja?
Foda-se a inveja. Foi você que começou a falar merda primeiro. Eu só devolvi o favor, então como caralhos estou sendo invejoso?
‘Não achei que iria interpretar assim. Eu só… Estava sentindo pena.’
Sentindo pena? O quê?
‘Se tivesse tentado um pouco mais…’
O que sabe para pensar que está qualificado para falar sobre trabalho duro?
‘Você poderia ser bem melhor do que é agora.’
Ei, estou super bem, valeu. Sua média que é alta demais. Acha mesmo que qualquer um pode ser como você? Já que é um gênio, não presuma que todo mundo pode fazer o que você faz.
Entendeu?
Não posso ser tão bom quanto você.
— Vão logo.
Eu mal consegui falar essas palavras. Um buraco enorme estava no meu peito. Pra tentar curar minha ferida, eles estavam desesperadamente usando magia e me dando poções caras, mas era em vão.
— Não, por favor, não.
Ela estava chorando? Nunca pensei que uma mulher como ela faria essa cara por mim. Mesmo que a gente brigasse sobre tudo e ela sempre me olhasse de forma nojenta quando falava comigo, acho que ela ainda se apegou à nossa relação.
— Foi por isso… foi por isso que falei. Volte. Por que tinha que ser tão teimoso e vir junto…?
— Sienna. Por agora, deixe isso de lado.
Minha voz não estava saindo como eu queria. Provavelmente por causa de todo o sangue subindo pela garganta.
— Não preciso da poção, vocês não têm o bastante pra desperdiçar aqui. Não sejam idiotas.
— Mas-!
— Chega, conheço bem o meu corpo, é impossível sobreviver. Irei morrer em breve.
Eu estava morrendo.
Eu tinha me atentado a esse fato mesmo antes do meu peito ser perfurado. Pra começo de conversa, meu corpo estava tão quebrado que deve ter parecido que eu estava em uma jornada idiota. Eles me falaram pra recuar e esperar por eles, mas eu ignorei todas as preocupações deles e vim junto até aqui.
— Eu poderia ter evitado aquilo…
A voz dele estava fria como sempre. Esse filho da puta, parece que vai ser um porre lidar com ele até o fim.
— Então não precisava ter feito isso.
— Já não falei pra vocês sumirem?
“Mesmo sendo super difícil de falar, por que ele continua me dando sermão assim?”
— Você deveria saber disso também.
A cara dele mostrava que simplesmente não entendia. Havia uma chance de ele estar certo. Mesmo que parecesse algo inevitável para os outros, provavelmente não seria tão perigoso para ele.
Se eu não sabia? É claro que sim. Até porque, estivemos viajando juntos por muito tempo. Então sabia que tipo de monstro ele era. E mesmo entre todos os que o chamavam de monstro, eu era especialmente familiar com suas habilidades.
— Não havia necessidade de morrer aqui…
“Então como eu deveria morrer? Ele devia saber também. O quanto já era um milagre eu ter chegado tão longe. Sem ele, nunca teria conseguido.”
— Ao menos assim é uma morte honrada… — Foi tão difícil de falar, mas tinha que dizer isso.
— Eu não seria nada além de um fardo se fosse junto, mas não queria voltar também.
E não queria tentar viver uma vida comum com esse meu corpo quebrado.
— Já que é tão talentoso, você realmente não precisava que eu te desse cobertura, né?
Mesmo já sabendo, ainda joguei meu corpo na frente. Meu corpo que já não conseguia se mover direito, só por um momento, se moveu exatamente como eu queria. Graças a isso, consegui empurrar esse filho da puta e acabei com esse buraco enorme no peito.
— … Estou cansado agora, então vão logo.
Aos poucos, começou a ficar ainda mais difícil de falar. Senti que minha própria voz estava distante e ficava cada vez mais distante, senti um som de choro. Meu corpo estava tão pesado que não conseguia mover sequer um dedo. Tudo na minha frente ficou escuro.
— Obrigado.
Em meus momentos finais, ouvi a voz dele. Filho da puta, se ia falar isso, por que não falou logo? Ainda assim, me deixou feliz. Porque essa foi a primeira vez que o ouvi me agradecer.
— Waaaahhh.
“Que porra é essa?”