Volume 1 - Capítulo 67
Trash of the Count’s Family
Momentos depois do reencontro com Choi Han, Lock e as crianças lobo, Cale chegou à mesa de jantar e se acomodou…
— Irei visitar o Reino Whipper logo.
E soltou uma frase que chamou a atenção de todos lá sentados…
Clang.
Ao mesmo tempo, a colher na mão de sua irmã mais nova de 7 anos, Lily, caiu no chão.
— …
Ouvindo o ruído, o ruivo virou-se apenas para ver que ela, com o rosto pálido, tinha os cantos de seus lábios tremendo.
— Me-Meu professor… ele disse que…
Lily nem pensou em pegar a colher enquanto continuava a murmurar.
— O Reino Whipper está muito assustador atualmente… e que pessoas estão morrendo todos os dias… Há nobres que precisam se esconder… É difícil comer, e não se pode nem dormir em paz! Fo-Foi meu professor que disse!
Suas emoções pareciam estar pouco a pouco saindo do controle enquanto continuava a falar… Ela então começou a franzir a testa após ver o olhar que encarava-a.
— Você não está autorizado a fazer isso.
Com a deixa de Lily, o Conde Deruth respondeu com firmeza.
“?”
Kim olhou em sua direção em confusão; bem, não havia como ele não estar.
Anteriormente, o Príncipe Herdeiro havia prometido assistência durante sua viagem ao Reino Whipper para que pudesse chegar lá com segurança e furtivamente…
“Diremos à sua família que você está realizando uma missão por mim. Afinal, não há necessidade de contar-lhes sobre os magos, a Torre Mágica ou qualquer coisa do gênero, certo?”
“Exatamente. Manter tais segredos é melhor, e também só quero que minha família e o Território Ubarr saibam da minha viagem.”
“Certo. Deixarei tudo preparado.”
Após essa conversa, Alberu informou imediatamente a Deruth que aquilo era um tipo de missão secreta que havia encarregado a seu primogênito.
— Pai, é uma ordem de sua alteza, o Príncipe Herdeiro.
— Não importa.
O rosto bem humorado do Conde Deruth, e de aparência mediana, estava extremamente rígido e sério.
Cale olhou em volta da mesa, levando seu olhar por pouco para Basen, que também estava com uma expressão rígida, e depois para a única pessoa que parecia calma, Violan.
— Esta foi sua própria decisão?
Perguntou ela casualmente uma vez que fizeram contato visual.
— Foi. Eu desejo ir.
— Cale.
— Sim?
A condessa pousou a colher e continuou a falar.
— Você já sabe que é perigoso lá?
— Sei.
O ruivo concordou levemente; mesmo que soubesse que, se fosse perigoso, estaria bem com Choi Han, o Dragão Negro, Rosalyn, e Lock… Até com Hilsman e as 10 crianças Lobo, que lhe pediram ferverosamente que levasse-os juntos.
— Cale, lembre-se apenas de uma coisa. Como seu pai, estarei sempre preocupado com você. Todos nós estaremos na verdade. E bem…
Com a pausa de Deruth, o olhar de Violan de repente ficou aguçado e ela voltou a falar.
— Não nos preocupamos nada com os assuntos deste reino.
Subitamente, Deruth franziu a testa e abriu a boca…
— Ahem, e-esposa, mantenha a calma, precisamos que o reino esteja seguro para que nossa família também esteja segura…
Entretanto, Violan o ignorou e voltou a perguntar.
— Esta foi sua própria decisão?
— Eu sou uma tartaruga — respondeu imediatamente Kim.
Com isso, o conde lembrou o que havia lhe dito antes…
“Protegemos tudo com a nossa forte carapaça. No entanto, é preciso lembrar também que, o mais importante, é proteger a si mesmo. É por isso que somos uma tartaruga.”
E olhou para ele, que parecia calmo e relaxado.
— É muito importante para mim usar minha carapaça para me proteger.
Era claro que Cale colocaria sua própria segurança em primeiro lugar; pois era alguém que só entraria num campo de batalha se parecesse que definitivamente venceria, e ainda assim teria que ter a pessoa mais forte no campo de batalha ao seu lado.
— Não precisam se preocupar.
Sua voz estava cheia de certezas e seu olhar era confiante.
A Condessa Violan começou a sorrir.
— Muito bem, eu entendi. Mas acho que não posso deixar de me preocupar.
Não haviam motivos para se preocupar, mas o ruivo acenou com a cabeça para aquela resposta.
— …
Assistindo aquilo, o Conde Deruth manteve sua boca fechada enquanto esperava que reiniciassem suas refeições. E, baseado em como não continuou a impedir que seu primogênito saísse, parecia que também tinha aceitado.
— Eles devem achar que temos que fazer qualquer coisa que nos mandam por estarmos quietos por um tempo…
Deruth murmurou algo para si mesmo enquanto voltava a mastigar um pedaço de carne.
Já do outro lado, vendo como não havia mais oposição, Kim voltou a se concentrar pacificamente em sua refeição… de modo que não notou o que aconteceu em seguida.
Havia um olhar compartilhado entre o Conde Deruth e a Condessa Violan; ele também mal saberia que depois daquele jantar, Deruth ordenaria que um mordomo reunisse secretamente toda e qualquer informação relacionada ao Príncipe Herdeiro e ao Reino Whipper, independentemente do custo.
⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯
Ao terminar sua bela refeição, Cale deixou a sala de jantar.
— …
Porém, ele logo pôde ouvir passos ligeiros vindo em sua direção; embora aquilo fosse contra a etiqueta dos nobres.
— Basen?
Era Basen e Lily que estavam a persegui-lo.
— Hyung-nim… você realmente precisa ir?
— Com certeza.
Na verdade, ele não precisava ir, mas preferia 10 anos de paz ao invés de apenas um dia.
— Mas enfim, apenas deixem isso de lado, vocês agora só precisam se concentrar em seus estudos e treinamento… Eu só estou conseguindo fazer essas coisas porque vocês dois estão aqui segurando as pontas.
O ruivo estaria sempre em paz sabendo que Basen se tornaria o próximo conde do território e Lily a oficial comandante dos militares; assim pelo menos eles não teriam os típicos problemas dramáticos do filho mais velho e mais novo lutando pela posição de líder da família, ou qualquer coisa do gênero.
Voltando a se afastar das pequenas figuras que ainda o observavam em silêncio, ele abriu a boca novamente.
— Vou trazer para vocês dois algumas lembranças do Reino Whipper.
Kim não pode ver que os olhares de Basen e Lily estavam focados em suas costas antes de trocarem olhares um com o outro e acenarem com a cabeça. Bem, ele também não tinha a menor ideia de que ambos já tinham decidido suas futuras ocupações.
⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯
Com alguns dias passados, Cale se encontrava feliz por ter conseguido chegar num grande navio exatamente na hora em que havia planejado…
— Jovem mestre Cale.
Ele então olhou para a fonte da voz que chamava-o.
— Jovem senhorita Amiru.
Ao se aproximar, Amiru observou calmamente a figura ruiva, que parecia estar tão relaxada quanto antes, e abriu a boca
— Eu espero que você volte em segurança, e sem se machucar dessa vez.
— Espero isso também.
Kim, que realmente não tinha nenhum plano para se machucar, logo pôde ver que Amiru começou a franzir a testa como se não acreditasse nele.
— Não entendo porque sua alteza o mandaria para um lugar tão perigoso logo que se recuperou… Bem, provavelmente está lhe enviando por ser você… por poder confiar em você.
“Confiar?”
O Príncipe Herdeiro não era do tipo que confiava em alguém.
— Sério? Eu não tenho tanta certeza. Ele não parece confiar muito em mim.
Cale não teve nenhum problema em dizer isso honestamente com uma expressão rígida.
— É claro que confia!
Amiru levantou sua voz perante o sorriso amargo que recebia.
— Olha, jovem mestre Cale, se isso significa alguma coisa, eu também confio em você!
— Muito obrigado, jovem senhorita Amiru…
Vendo que Amiru tinha lhe dado uma resposta tão entusiasmada, o que era diferente de seu comportamento calmo, o ruivo não pôde responder com firmeza. Ele então apenas começou a caminhar novamente, pois precisava zarpar a tempo; e também tinha pessoas que precisava encontrar.
— Jovem mestre Ca—
— Vou seguir meu caminho agora, senhorita Amiru.
Amiru ainda parecia ter algumas outras coisas a dizer, contudo, acabou por fechar a boca.
A imagem à sua frente, do indivíduo colocando para trás seu cabelo ruivo que se movia junto à brisa do oceano era bela e ao mesmo tempo refrescante.
Sem rodeios, Kim entrou no navio com um coração relaxado depois de ver que mais ninguém estava em sua cola…
Ele então subiu no convés, e logo pôde notar o quão barulhento estava o vilarejo Ubarr por contas das construções. E que alguns dos redemoinhos que decoravam o mar haviam desaparecido, criando um caminho seguro o suficiente para um largo e grande navio velejar.
— Haa…
Voltando seu olhar para o navio, Cale soltou um suspiro…
Como ele acabou com tanta gente?
Choi Han; Lock; Rosalyn; os gatinhos, On e Hong, que tremiam por estarem sobre a água; Hans; o vice-capitão Hilsman, que estava completamente pálido por estar em um navio; Beacrox, que observava os arredores silenciosamente junto das dez crianças lobo…
“Se eu ainda me ferir com todas essas aberrações ao meu redor… será surpreendente.”
— Eu realmente gosto do cheiro do oceano.
Bem, mas como ele temeria qualquer coisa, especialmente com a vinda do Dragão Negro também?
Tomando fôlego, o ruivo deu uma ordem a sua party, que estava toda focada em sua pessoa.
— Vamos indo.
Pooooooooooooooooh!
Com a sua ordem, a buzina do navio soou, dando partida a viagem através do mar Ubarr…
Já voltando sua atenção para o exterior do navio, Kim não pôde deixar de sorrir maliciosamente.
Sua embarcação, composta por figuras perigosas, estava atualmente disfarçada como a de um simples navio de comércio.
“Bem, não é um disfarce, é o trabalho que estou fazendo.”
A única coisa diferente, era que não seria um comércio através de trocas justas; afinal, seria muito benéfico para Cale, mas injusto para a outra parte.
— Humano, não sorria dessa forma. Você parece que vai enganar alguém novamente…
⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯
Mais tarde naquele mesmo dia, Cale não estava dormindo, mas sim de pé no convés esperando convidados…
Era quase meia-noite, então ninguém mais estava por lá, porém ainda havia luz e a lua cheia não deixava com que escurecesse de todo.
Logo, ele então se aproximou de uma das beiras do navio, e inclinou-se para olhar calmamente o mar…
— Humano.
Naquele mesmo momento, o Dragão Negro se revelou e se aproximou; não havia necessidade de ficar invisível por não ter ninguém mais nas redondezas.
— O quê?
— Eu estava pensando…
O dragão parecia ter muita coisa em mente, não, ele parecia desconfiado enquanto olhava para o ruivo de cima a baixo.
— O nome que está criando, é uma palavra aleatória?
— Do que está falando?
O pequeno ser escamoso parecia muito preocupado.
— Eu sinto que você vai escolher algo como “Black” ou “Dragon”.
— Ah, o seu nome?
Kim gradualmente esboçou uma expressão séria…
— Esses não são bons?
O Dragão Negro, que já não o via parecer tão sério há algum tempo, vacilou e respondeu com urgência.
— D-De modo algum! Eu estou bem com qualquer um, desde que seja vindo de você, humano! Não se preocupe!
Suas asas batiam rapidamente, e sua cauda tremulava sem descanso enquanto olhava fixamente para Cale, que tinha voltado para a sua expressão normal como se nunca tivesse ficado sério.
— Então… estou contente — declarou ele, e com uma pausa, casualmente continuou: — Mas Raon, On e Hong teriam ficado tristes se tivessem ouvido o que disse a pouco.
O silêncio de repente tomou a área.
— Humano… o que você disse?
Ao contrário das expectativas do dragão, o ruivo tinha realmente pensado muito sobre o seu nome…
Ele sabia muito bem que aquilo era algo especial dado a alguém; e, para Kim Rok-Soo, que tinha vivido por conta própria até o fim, aquilo foi a única coisa que lhe foi dada por seus pais.
— Seu primeiro nome é “Raon”…
“A palavra que significa “Alegre” no coreano puro.”
— E seu sobrenome é “Miru”.
“A palavra que significa “Dragão” no coreano puro.”
Sua combinação traduzida resultaria num nome engraçado, mas Cale o criou com toda sinceridade. E, mesmo que estivesse preocupado que Choi Han pudesse desconfiar de um nome puramente coreano, ele já tinha uma desculpa pronta para isso.
— Eu criei este nome na esperança de que você seja feliz e viva uma vida alegre…
Uma voz calma chegou aos ouvidos do Dragão Negro, no entanto, foi a expressão do ruivo que tomou sua atenção, ele nunca havia visto tal expressão em seu rosto antes; um sorriso calmo e inacreditavelmente suave…
— O que significam…?
O dragão queria saber o significado de seus nomes…
— Você.
E rapidamente, Kim apontou para ele com seu dedo indicador.
“Raon” e “Miru”… Nenhuma destas palavras existiam neste mundo. Logo, havia apenas uma coisa que estas duas palavras podiam representar agora.
— É você. São palavras só para você.
— Só para mim…?
— Sim…
Cale começou a sorrir ao dar tapinhas na cabeça do Dragão Negro.
— Já que é um grande e poderoso dragão.
— Só… para mim…
O pequeno ser escamoso continuou a murmurar isso para si mesmo por um tempo antes de esticar suas asas, que não paravam de tremer, e fungar o ar…
— Acho que serve… Vou usar este nome e lhe farei um serviço especial.
— Certo, Raon.
O dragão começou a coçar seu nariz; os cantos de seus lábios se contorciam.
— Eu sou o legal e incrível Raon Miru.
— Sim, Raon.
— Isso. Eu sou Raon Miru.
Após seus quatros anos de vida, Dragão Negro finalmente tinha recebido um nome e um sobrenome; agora tinha algo além de seu corpo, que pertencia apenas a ele.
O dragão levantou a cabeça…
Ele podia ver a escuridão do céu noturno que era bem diferente da escuridão oferecida pelo cativeiro que esteve preso…
O Dragão Negro, Raon, nunca esqueceria aquele momento; sentia que também nunca esqueceria deste.
O ruivo resolveu também levantar a cabeça…
— Obrigado, Cale.
Ele então pôde ouvir a voz de Raon enquanto olhava para o céu noturno que continuava o mesmo, não importando para onde fossem.
— Hã?
Confuso, Kim logo olhou para o dragão…
— Humano, como você não conseguiu entender na primeira vez?
— Por que não experimenta dizer mais uma vez?
Ele então começou a sorrir enquanto tentava dar novamente tapinhas na cabeça de Raon, que se opôs com uma cabeçada.
— Me nego. Eu absolutamente não farei isso! Agora, vá para dentro e durma, humano fraco. Você pode pegar uma gripe!
Antes de respondê-lo, Cale riu silenciosamente de Raon; ao contrário de suas falas bravas, suas asas e cauda balançavam de alegria como as de On e Hong.
— Acho que agora vai ser difícil voltar.
— Por que será difí—
Raon parou de falar de repente antes de olhar para o oceano; focando sua visão num lugar longe do navio.
Whooosh—
Separando uma boa quantidade de água, uma grande existência se mostrou lentamente…
Splaaaaaaaash!
Era uma baleia.
— Cale-nim!
Ao mesmo tempo, alguém saiu urgentemente de dentro do navio e começou a correr em direção ao ruivo num ritmo muito rápido.
Era Choi Han.
Em seu rosto havia uma expressão preocupada ao ter rapidamente inspecionado a existência que estava lentamente se aproximando do navio, antes de levar seu olhar Kim…
— Hm?
E então vê-lo acenando para ele para ir embora com uma expressão irritada.
— Eles não são inimigos.
Raon então explicou as coisas.
— O quê?
O protagonista virou-se para olhar para trás, para o oceano.
Ao mesmo tempo, Cale deixou de se apoiar na beirada do navio e curvou a cabeça em direção ao mar.
Não era apenas uma baleia, havia três baleias chegando até ele…
Já em outras palavras, seus convidados haviam chegado.
Uma era Witira, a baleia jubarte, a outra uma orca, e a última…
— Eu saúdo o Rei Baleia.
O ruivo saudou a maior das três baleias, o Rei Baleia.